Distúrbios Específicos de
Aprendizagem
Dislexia
A escola e o professor devem proporcionar à
comunidade escolar atividades de conscientização
sobre Dislexia. Aulas, debates e vídeos são algumas
das estratégias úteis para ampliar os conhecimentos a
respeito do assunto.
A escola precisa assegurar a comunicação permanente
com os profissionais que atendem o aluno
para definir os comprometimentos presentes no seu
aluno com Dislexia e quais as melhores medidas de
suporte escolar que se aplicam ao caso. Isso permitirá
estimular em sala de aula aspectos trabalhados na
clínica, tornando o processo interventivo integrado e
muito mais eficaz.
O professor deve colocar o aluno para sentar-se
próximo a sua mesa e à lousa já que frequentemente
acaba se distraindo com facilidade em decorrência
de suas dificuldades e/ou desinteresse. Essa medida
tende a favorecer também o diálogo, orientação e
acompanhamento das atividades, além de fortalecer
o vínculo afetivo entre eles.
. O professor deve prover estimulação de competências
metalinguísticas (consciência fonológica, consciência
sintática, consciência morfológica e consciência
metatextual) em crianças com atraso na aquisição e
desenvolvimento da linguagem oral, de risco para Dislexia,
desde a Educação Infantil até o 1º ciclo do Ensino
Fundamental para desenvolver habilidades necessárias
ao adequado aprendizado da leitura e escrita.
. Apresentação das informações:
• O professor deve dar informações curtas e espaçadas,
pois alunos com Dislexia frequentemente
apresentam dificuldades para guardar (reter) informações
mais longas, o que prejudica a compreensão
das tarefas. A linguagem também deve ser direta e
objetiva, evitando colocações simbólicas, sofisticadas
ou metafóricas.
• O aluno com Dislexia tende a lidar melhor com
as partes do que com o todo (“ver a árvore, mas não
conseguir ver a floresta”), portanto, deve ser auxiliado
na dedução dos conceitos.
• O professor deve utilizar elementos visuais (figuras,
gráficos, vídeos, etc.) e táteis (como por exemplo,
a utilização de alfabeto móvel, massinha, e outros)
para que a entrada das informações possa ser
beneficiada por outras vias sensoriais. Dessa forma,
principalmente no período de alfabetização, o aluno
pode compreender melhor a relação letra-som.
• As aulas devem ser segmentadas com intervalos
para exposição, discussão, síntese e/ou jogo pedagógico.
• É equivocado insistir em exercícios de fixação,
repetitivos e numerosos, isto não diminui a dificuldade
dos alunos com Dislexia.
• O professor deve verificar sempre (e discretamente)
se o aluno está demonstrando entender a explicação
e se suas anotações estão corretas. Dê tempo
suficiente para anotar as informações da lousa antes
de apagá-las.
78. As atividades em sala de aula e tarefas de casa
do aluno com Dislexia devem atender aos seguintes
princípios:
• Professores de Educação Infantil devem desenvolver
estratégias para estimulação de habilidades fonológicas
(por exemplo, rima e aliteração) e auditivas
(por exemplo, as crianças discriminarem sons fortes
de sons fracos, altos e baixos, longos e curtos). Devem
ser estimuladas as recontagens de histórias na oralidade,
a fim de promover a organização temporal, coerência
e planejamento da criança. Vale lembrar que as
atividades devem ser sistematizadas, organizadas em
graus de complexidade, conforme a idade e escolaridade.
Assim, o professor pode promover, por exemplo,
20 minutos diários destas atividades estruturadas
como uma forma de intervenção preventiva para todos
os alunos, beneficiando, sobretudo, aqueles com
sinais de risco para Dislexia.
• O professor pode dar algumas atividades já
prontas para que o aluno tenha o material em seu caderno
e não perca tempo maior que os outros para
copiar textos.
• Levar em consideração que a velocidade da escrita
do aluno com Dislexia é mais lenta em razão de
dificuldades de orientação e mapeamento espacial,
entre outras razões.
• Sempre que necessário, permitir o uso de tabuadas,
material dourado e ábaco nas séries iniciais, e o
uso de fórmulas, calculadora, gravador e outros recursos,
nas séries mais avançadas.
• Fornecer dicas, atalhos, regras mnemônicas e associações
ajudam o aluno a lembrar-se das informações,
executar atividades e resolver problemas.
• Como opção para atividades de aprendizado
complementar além da leitura, indicar filmes, documentários,
peças de teatro, visita a museus, quadrinhos
e, sobretudo, recursos digitais.
79. As avaliações do aluno com Dislexia devem
atender aos seguintes princípios24:
• O professor deve priorizar o progresso individual
do aluno com Dislexia, tendo por base um Plano
Educacional Individualizado e a valorização de aspectos
qualitativos ao invés de quantitativos.
• É recomendado que ao invés de poucas avaliações
cobrando um grande conteúdo de informações,
seja realizado maior número de avaliações com menor
conteúdo de informações (segmentação).
• Dependendo de consenso com o aluno e seus
pais, as avaliações podem ser realizadas junto à turma
ou em separado. Quando em separado pode facilitar o
aluno cuja leitura em voz alta auxilia sua compreensão.
No entanto, lembrar que em alguns casos, essa providência
pode criar estigmas. Quando junto à turma
recomenda-se que seja feita em dois tempos. Num primeiro
momento, antes de iniciar, o professor deve ler a
prova para todos os alunos, certificar-se de que o aluno
disléxico compreendeu as questões e oferecer assistência
frequente a ele. Em um segundo momento, em
separado da turma, o professor deve corrigir a prova
individualmente com o aluno, permitindo que responda
oralmente as questões erradas. Mas é considerável a
necessidade desse aluno fazer prova oral ou atividade
que utilize diferentes expressões e linguagens.
• Personalizar a avaliação com recursos gráficos
que substituam palavras e textos auxilia muito o aluno
com Dislexia. Avaliações que contenham exclusivamente
textos, sobretudo textos longos, devem ser
evitadas nesses alunos.
• Disponibilizar maior tempo para as avaliações
conforme a necessidade do aluno nas habilidades de
leitura e escrita.
• Facilitar a compreensão dos enunciados utilizando
um menor número de palavras sem necessariamente
comprometer o conteúdo.
• Ao empregar questões de falso-verdadeiro evitar
o uso da negativa e expressões absolutas, e construir
as afirmações com bastante clareza e que incluam somente
uma ideia em cada afirmação.
• Empregar questões de associações apenas de um
único assunto em cada questão e redigir cuidadosamente
os itens para que o aluno não se atrapalhe com
os mesmos.
• Ao empregar questões de lacuna: usar no máximo
uma em cada sentença; que a lacuna corresponda
à palavra ou expressão significativa de um conceito
primário e não a detalhes secundários; e conservar a
terminologia usada no livro ou em aula.
• Ao fazer correções ortográficas na produção da
criança, pondere. Uma sugestão é fazer um acordo prévio
das regras ortográficas que serão priorizadas (a cada mês,
por exemplo), reconsiderando erros menos relevantes.
• Não faça anotações na folha da prova, sobretudo
que façam referência a juízo de valor.
• O aluno com Dislexia tem dificuldade para reconhecer
e orientar-se no espaço visual. Dessa forma, observar
as direções da escrita (da esquerda para a direita
e de cima para baixo) em todo o corpo da avaliação.
Autoconceito, vida emocional e social:
• O professor deve tratar o aluno disléxico com
naturalidade, com incentivo, valorizando seus acertos
e estimulando sua perseverança e autoestima.
• Cuidar para não expor esse aluno perante seus
colegas em virtude de suas dificuldades, sobretudo de
ler ou escrever em público.
• Cuidar para que ele se integre na comunidade
escolar não deixando que sua inaptidão para determinadas
atividades escolares (provas em dupla, trabalhos
em grupo, etc.) possa levar seus colegas a rejeitá-
-lo nessas ocasiões.
. O aluno com Dislexia já tem dificuldades para
automatizar o código linguístico da sua própria Língua
e isso se acentua em relação à Língua Estrangeira24.
Uma flexibilização curricular ou eventual dispensa da
disciplina devem ser discutidos com o aluno e seus pais
para evitar prejuízos em sua autoestima e evolução.
. Não há receita para trabalhar com alunos com
Dislexia. O professor deve ter em mente que o planejamento
deve ser individual, pois cada aluno terá
necessidades distintas. De suma importância nesse
processo é compartilhar com a criança como serão
conduzidas as atividades, isso a tornará mais segura
em sala de aula e nas avaliações, melhorando seu desempenho
e relação com os colegas24.
Nenhum comentário:
Postar um comentário